quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Ação de Graças - Educação Infantil

Hoje vou me abster de prolongamentos na fala. É dia da família comemorar este primeiro passo. Comemorar o tempo do aprender de cada criança. Tempo também de comemorar a entrega das professoras e o resultado dessa jornada!

Esta nossa Casa de Educação prima pelo cuidado que sabe emprestar. E o fundamental do cuidado humano é a capacidade de compreender como ajudar o outro a desenvolver-se e a humanizar-se. Significa dizer que cuidar é valorizar, é ajudar a ampliar competências e talentos.

Significa dizer que esta Casa de Educação não abdica do seu sagrado compromisso de propiciar que as crianças tenham as melhores condições para desenvolver capacidades e estratégias de convivência; de ser e de estar com os outros em atitudes construídas e em solidificação, basicamente de aceitação do outro  e autoaceitação; de respeito ao outro e de autorrespeito;  de confiança e autoconfiança. Atitudes e aprendizagens que permitem sua qualificada inserção nas mais diversas realidades sociais e culturais desse "mundo" que se abre com esses primeiros passos...

Nossa Casa de Educação sabe bem que para cuidar é preciso, antes de mais nada, estar comprometida com o outro, com a sua singularidade; é preciso saber compartilhar alegrias e conquistas. É preciso saber exercitar o aprendizado de confiar no outro e em suas competências construídas. Sabe, contudo,  que é assim que se estabelece o laço, o vínculo entre quem cuida e quem é cuidado. E isso implica em revigorar competências. Esta Escola, esta Casa de Educaçaõ fortalece, a cada novo dia, as suas competências pedagógicas e afetivas para fazer com zelo, com qualidade e excelência a educação transformadora.

É por isso que se interessa, sob todos os ângulos, no seu fazer cotidiano, sobre o que as crianças sentem e pensam, sobre o que sabem e constroem sobre si mesmas e sobre o mundo que as acolhe desafiadoramente, de forma a solidificar conhecimentos e habilidades para estar no mundo e com o mundo, e aos poucos fazer-se um ser mais independente e autônomo.

E então, essas crianças em idade adulta, quando vencedoras no mundo, ancoradas nos valores aqui comungados, mais adiante no tempo, restará em nós, Educadores, a mais fecunda emoção e verdade: fizemos bem o nosso trabalho! Cumprimos bem a missão confiada! Valeu a pena!

Respiramos, aqui, um pouco do que nos assevera Abdalla quando afirma que "a vida em si não se justifica, entre outros valores, sem o BEM, sem a VERDADE, sem o AMOR, aqui entendidas essas palavras na conotação que lhes toque o coração. Como Educadores, acreditamos que podemos construir o nosso cotidiano se a nossa proposta for o bem-estar comum, a otimização das sociedades e o profundo respeito aos sonhos de cada um". Respiramos e vivenciamos sem reserva alguma!

Trechos de uma fala no ano de 2014, Ação de Graças da Educação Infantil, Escola Municipal Padre Geraldo Rodrigues Costa.

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Perdas e Julgamentos

Metáfora



Havia numa aldeia um velho pobre que até os reis invejavam, pois ele tinha um lindo cavalo branco. Ofereciam ao bom homem quantias fabulosas pelo animal, mas ele só dizia que seu cavalo não estava à venda.


Numa manhã, o tal sumiu da cocheira. A aldeia inteira se reuniu e então as pessoas disseram:


— Seu velho estúpido! Sabíamos que um dia o cavalo seria roubado. Teria sido melhor vendê-lo. Que desgraça!


 O velho respondeu:


— Não exagerem. Simplesmente digam que o cavalo não está mais na cocheira. Este é o fato. O resto é julgamento. Se é uma desgraça ou uma bênção, não sei, pois este é apenas um fragmento, uma parte da história.    Quem pode saber o que vai ser?


As pessoas riram do velho. Elas sempre desconfiaram que ele era um pouco maluco.


Quinze dias depois o cavalo voltou. Ele não havia sido roubado, apenas tinha fugido para a floresta. E ao voltar trouxe consigo uma dúzia de cavalos selvagens.


O povo da aldeia então disse ao velho:


— Você estava certo. A fuga do animal não se tratava de uma desgraça; na verdade, provou ser uma bênção.


O velho falou:


— Novamente vocês estão se adiantando. Apenas digam que o cavalo está de volta. Se é uma bênção ou não, quem sabe? Este é apenas um fragmento. Ao ler uma única palavra de uma sentença, como vocês podem julgar todo o processo?


Desta vez as pessoas não podiam dizer muito. Afinal, lindos cavalos tinham vindo...


O velho tinha um único filho que começou a treinar os cavalos selvagens. Mas, uma semana depois, o moço caiu de um deles e fraturou as pernas. Novamente as pessoas se reuniram e julgaram, dizendo:


— Você tinha razão novamente, foi uma desgraça. Seu único filho perdeu o uso das pernas e na sua velhice ele seria seu único amparo. Agora você está mais pobre do que nunca.


O velho respondeu:


— Vocês estão obcecados por julgamentos. Não se adiantem tanto. Digam apenas que meu filho fraturou as pernas. Ninguém sabe se isso é uma desgraça ou uma bênção. A vida vem em fragmentos, aos pedaços. Mais que isso nunca nos é revelado.


Aconteceu que, depois de algumas semanas, o país entrou numa guerra e todos os jovens da aldeia foram forçados a se alistar. Somente o filho do velho foi poupado, pois era aleijado. A cidade inteira chorava, lamentando-se, porque sabia que era uma luta perdida e que a maior parte dos jovens jamais voltaria. As pessoas vieram até o velho e disseram:


— Você tinha razão, velho. Aquilo se revelou uma bênção. Seu filho pode estar aleijado, mas ainda está com você. Já nossos filhos se foram para sempre!


O velho disse:


— Vocês continuam julgando. Ninguém sabe! Digam apenas que seus filhos foram forçados a entrar para o exército e que o meu não foi. Somente Deus sabe se isso é uma bênção ou uma desgraça. Nunca julguem, pois vocês ficarão cegos com apenas uma parte da verdade e tirarão conclusões a partir de coisas minúsculas. E vocês podem estar errados.


Um dia, a guerra terminou. E quanto aos jovens da cidade que foram lutar... bem, essa história vai longe...


sábado, 17 de setembro de 2016

A mulher e seus homens insinuantes...

Humor

1. Seu médico:
                      "Tire a roupa."

 2. Seu psicanalista:
                            "Agora deite e relaxe."

 3. Seu farmacêutico:
                               "Dói a cabeça?"

 4. Seu dentista:
                        "Abra um pouco mais..."

 5. Seu decorador:
                          "Quando estiver tudo dentro você vai gostar."

 6. Seu flanelinha: 

                           "Vem...vem...assim..assim..."

 7. Seu frentista:
                         "A senhora quer lubrificante?"

 8. Seu vendedor de frutas:
                                       "Pode segurar mas não pode apertar."

 9. Seu cabeleireiro:
                             "Vamos fazer uma coisa diferente?"

 10. Seu peixeiro:
                         "Vai querer tudo ou só metade?"

 11. Seu professor de culinária:
                                             "Isso, assim. Mexe um pouco mais agora..."

 12. Seu padeiro:
                         "Sim. Está quentinho! Como a senhora gosta."

 13. Seu feirante:
                         "Gostoso, não é? Pode experimentar outra vez..."

14.  Seu marido:
                       "Hoje? Outra vez?! Assim não há quem aguente!!" 

sábado, 10 de setembro de 2016

Quero

Outros Autores



Quero que todos os dias do ano

todos os dias da vida

de meia em meia hora

de 5 em 5 minutos

me digas: Eu te amo.



Ouvindo-te dizer: Eu te amo,

creio, no momento, que sou amado.

No momento anterior

e no seguinte,

como sabê-lo?



Quero que me repitas até a exaustão

que me amas que me amas que me amas.

Do contrário evapora-se a amação

pois ao dizer: Eu te amo,

desmentes

apagas

teu amor por mim.



Exijo de ti o perene comunicado.

Não exijo senão isto,

isto sempre, isto cada vez mais.



Quero ser amado por e em tua palavra

nem sei de outra maneira a não ser esta

de reconhecer o dom amoroso,

a perfeita maneira de saber-se amado:

amor na raiz da palavra

amor

saltando da língua nacional,

amor

feito som

vibração espacial.



No momento em que não me dizeis:

Eu te amo,

inexoravelmente sei

que deixaste de amar-me,

que nunca me amaste antes.



Se não disseres urgente repetido

Eu te amoamoamoamoamo,

verdade fulminante que acabas de desentranhar,

eu me precipito no caos,

essa coleção de objetos de não-amor.

Carlos Drummond de Andrade. Quero, in "As Impurezas do Branco". Livraria José Olympio Editora. Rio de Janeiro, 2ª ed., 1974.